Sessão em Plenária sobre Libido - AUA 2019

Sessão em Plenária sobre Libido - AUA 2019 – Chicago, Estados Unidos

Uma das sessões da plenária da AUA 2019 (3-6 de Maio, Chicago, EUA) de particular interesse foi sobre Libido, que englobou os aspectos hormonais quanto psicossociais e contou com grandes nomes como o Dr John P. Mulhall, Dr Mohit Khera, Dr Landon Trost e a Dra Daniela Wittmann. 

O Dr John P. Mulhall comentou que a queixa de redução de libido tem prevalência varável na literatura (entre 13 - 28%) mas que aproximadamente ¾ (74%) dos pacientes com esta queixa não estão felizes com sua vida. 

O Dr Mohit Khera ficou responsável por comentar os fatores hormonais e citou 3 artigos mostrando que apesar de ser um fato, a melhora do libido com a reposição hormonal é variável e pode ter um efeito modesto, sendo mais marcante em homens com valores basais mais baixos. De fato, o ultimo guideline sobre deficiência de Testosterona da AUA tem um statement dizendo que a reposição de testosterona pode resultar em melhora do líbido. 

Ainda nesta sessão, o Dr Khera ressaltou o papel do Estradiol, muito menos discutido. Em estudos animais, animais sem aromatase apresentam redução da atividade sexual, que é revertida com a reposição de estradiol. Citando alguns outros estudos em humanos foi visto que esta ligação Estradio-Libido se sustenta, incluindo um estudo no qual o nível de Estradiol foi o único fator associado ao libido que permaneceu significativo em análise multivarirada. S 

Na sequencia, Dr Trost se aprofundou na neurofisiologia do libido. De maneira global podemos dizer que a Dopamina, catecolaminas e Testosterona aumentam o libido, enquanto a serotonina reduz. Algumas terapias medicamentosas atuam nestas vias, como a Carbegolina que é um agonista de receptores dopaminérgicos. Quanto aos Inibidores de Recapitulação Seletiva de Serotonina, muito tem efeito colateral sexual marcante, sendo a Mirtazapina e a Buspirona às com menor impacto neste quesito, pois atuam como bloqueadores parciais de receptores (5-HT1a, 5HT-2). 

A Dra Wittmann completou se aprofundando na questão psicossocial.  Inicialmente ela comentou como existe uma expectativa irreal da sexualidade masculina, citando uma pesquisa feita com mulheres em que elas relatavam acreditar que os homens deveriam querer fazer sexo mais do que elas, querer fazer sexo sempre e não se afetar por ansiedade de performance. Mesmo assim, recebemos diversos pacientes no consultório com estes problemas, e a causa da queda do libido pode ser multifatorial e incluir fatores individuais (psicológico, stress, doenças crônicas, Disfunção Erétil...), traumas sexuais, conflitos do relacionamento e fatores culturais. 

Não existem bons estudos falando sobre intervenção psicossociais em homens. Considerando os estudo em mulheres, meditação “mindfullness” com foco em reduzir a auto crítica e aumentar a consciência física e emocional têm mostrado resultados inicias animadores. Como parte de uma estratégia de terapia sexual geralmente é recomendado o estimulo de fantasias sexuais do casal e relações programadas com antecipação, evitando o afastamento que pode ocorrer quando um parceiro espera o outro demostrar interesse.  

Por fim o Dr John Mulhall reforçou o caráter multifatorial dos casos e defendeu uma avaliação complexa englobando todos estes aspectos discutidos.

Alejandro Carvajal (Colombia)
Eduardo Miranda (Brasil)
Giuliano Aita (Brasil)
Bruno Nascimento (Brasil)
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